Você está feliz com seu corpo? Muita gente quer mudar alguma coisa: quer emagrecer, engordar, não gosta do nariz, do queixo, do pé. Entretanto, às vezes distorcemos a nossa própria imagem e isso pode provocar problemas sérios de saúde.

Querer mudar é normal, mas quando essa preocupação fica exagerada pode ser sinal de um problema mais sério. Existem três definições que ajudam a avaliar o nível de insatisfação com o corpo.

A insatisfação é quando há alguma característica que a pessoa se incomoda, mas de forma tolerável; o distúrbio da imagem corporal não é um diagnóstico, mas uma condição em que a pessoa fica incomodada com a imagem e acaba sendo emocionalmente afetada.

Já o transtorno dismórfico corporal é uma doença psiquiátrica em que a percepção da pessoa é tão distorcida que o defeito imaginário passa a dominar totalmente a sua vida. Essas pessoas fazem inúmeras cirurgias plásticas e perdem a noção do que é equilibrado esteticamente.

Atenção aos sinais

Se olhar no espelho e desejar ser sempre mais magra. Esse era o desejo da jornalista Fernanda Fahel. A obsessão pela magreza começou quando ela tinha 12 anos, quando ela morava com a família no Japão. “Eu vesti a roupa, me achei o máximo. Quando fui mostrar para o meu pai, ele virou e falou que eu estava parecendo um balão. Naquele momento pensei: meu pai me quer magra, não sou bonita assim.”

No dia seguinte, ela começou uma dieta maluca e perdeu cinco quilos em uma semana. Daí em diante, Fernanda fez uma dieta atrás da outra. Virou modelo e, quanto mais emagrecia, mais elogios ganhava. Assim ela foi reduzindo cada vez mais as porções de comida. “Eu olhava um pratinho de comida com pouca comida e via muita. Era essa a distorção que eu tinha.”

Já era sinal de anorexia, um transtorno alimentar que atinge principalmente as meninas. “O assunto vira dieta, qual a melhor, hoje tô fazendo essa, amanhã outra. Tem pacientes que nem água tomam porque acham que vai engordar”, explica a psicanalista Cybelle Weinberg.

Quem tem anorexia também evita comer com outras pessoas para não levar suspeitas, e costuma procurar apoio em páginas da internet. “Eles entram em sites que são perigosos. Sites de anorexia falam: vamos fazer a campanha de não tomar nem água”, alerta a psicóloga Alicia Weisz Cobelo.

Na busca pela magreza, Fernanda chegou aos 42 quilos. “Meus cabelos caíram porque não tinha vitamina, minhas unhas não cresciam. Chegou um ponto que eu não conseguia nem respirar. Eu falo que meu coração estava quase parando de bater naquela época. Foi quando aceitei o tratamento, aceitei nutricionista, psicóloga, psiquiatra, tudo.”

Um ano depois, ela se livrou da anorexia, mas começou outro capítulo. Fernanda começou a engordar e comer descontroladamente. Chegou quase aos 90 quilos. A compulsão era sinal de outro transtorno: bulimia. Além de comer muito, quem tem bulimia faz de tudo para se livrar das calorias a mais. “Não só vomitar, tomando laxante, indo na academia oito horas por dia, fazer exercícios exagerados”, explica a psicóloga.

Quem ajudou nesta fase foi o marido de Fernanda. “Ele me ajudou a voltar a comer em público, o que diminuiu a ansiedade, os episódios de compulsão dentro de casa. Ele me ajudou a me amar. Hoje consigo comer, me deliciar, sentir o sabor da comida, ouvi o meu corpo quando eu quiser parar de comer”.

Exercícios exagerados

Manter uma rotina de exercícios e cuidar da alimentação faz bem para a saúde, mas o difícil é encontrar um equilíbrio. Pegar pesado demais e exagerar na carga também pode ser ruim para a saúde. É o overtraining.

Na tradução do inglês: excesso de treino. É diferente daquelas dores que aparecem depois de um treino normal. Os sintomas começam com a exaustão, mesmo nos intervalos entre os exercícios. A pessoa muda o estado de humor, começa a ficar um pouco mais irritada, altera o sono. Também começa a se sentir mais cansada durante as atividades, com dores musculares.

O overtraining é mais frequente em quem é obcecado por um corpo perfeito. O microempresário Lucas Inácio e a fisioterapeuta Renata Carrara se conheceram na academia. Os dois tiveram overtraining. Lucas lesionou as costas, a coluna e teve que procurar um especialista para se tratar. Renata também ficou debilitada e teve que parar os exercícios por um tempo.

O diagnóstico depende da avaliação de profissionais. Para quem é acostumado com a rotina, o tratamento pode ser uma prova de resistência, já que é preciso reduzir as sessões de treino, dormir mais e fazer atividades mais leves. O atleta pode demorar seis meses para sair do overtraining. É preciso aceitar e respeitar o corpo. Para Renata e Lucas não foi fácil, mas eles entenderam os recados do corpo.

Matéria publicada pelo site Globo.com

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